Escolher
músicas para cantar na adoração pública é um negócio complicado. Todos na
igreja parecem ter uma opinião. Então como um pastor ou uma equipe de
presbíteros devem selecionar músicas que glorifiquem a Deus e sirvam ao corpo?
O
estilo e a qualidade da música são importantes, é claro. Ainda assim, eu
sugeriria que a letra é uma preocupação primária — então aqui estão dez
perguntas para fazer sobre a letra de qualquer canção que você esteja
considerando incluir na adoração pública.
1. A letra é verdadeira?
Cada
canção é como um sermão. Um pregador deve estar comprometido em falar apenas
aquelas palavras que reflitam precisamente a verdade bíblica. Da mesma maneira,
as letras devem ser lidas cuidadosamente antes de serem selecionadas para se
ter certeza de que elas também comunicam a verdade bíblica.
2. As letras são verdadeiras, porém, enganosas?
Letras
que são tecnicamente verdade, mas podem ainda assim ser enganosas. Então não é
o suficiente afirmar a veracidade da letra; sua clareza também é importante. Eu creio que a música de Brian Doerksen
“Vinde, Agora é a Hora de Adorar” cai nesse campo. Primeiro, dizer que agora é
a hora de adorar está certo, mas ainda assim isso leva as pessoas as pensarem
que elas não estão adorando enquanto estão no carro indo para a igreja?
Segundo, dizer “Vinde como estás” é tecnicamente correto, mas não corre o risco
de ignorar a importante verdade de que devemos nos achegar a Deus com mãos
limpas e um coração puro?
3. A letra é rica?
A
maioria de nossas canções não deveria ter apenas um aperitivo teológico, mas um
banquete. Felizmente, há uma demanda crescente por letras ricas, o que explica
o renascimento dos hinos mais antigos, algumas vezes aplicados a novos estilos
e até mesmo novas letras com maior profundidade teológica.
4. A letra é teocêntrica ou antropocêntrica?
Essa
é uma ideia complicada. Algumas letras antropocêntricas tendem a se concentrar
em nossa resposta ao caráter ou a obra de Deus — e elas podem ser muito
apropriadas. Mas uma abundância de letras antropocêntricas pode dar à
congregação uma pesada dose de moralismo e até mesmo desencorajamento.
Outras
letras antropocêntricas tendem a se concentrar em como estamos nos sentindo,
como vamos, ou o quão alegres estamos quanto a o que Deus tem feito. Embora
isso possa ser apropriado, uma abundância desse tipo de música
pode levar à superficialidade (estou cantando que me sinto ótimo quando na
realidade, não me sinto) ou ao orgulho (eu sou o centro). Mas se a letra se
concentra em Deus e no que ele tem feito, então somos retirados do nosso
moralismo e do nosso orgulho e a letra começa a pregar verdade aos nossos
corações, nos levando a pensar e sentir as coisas certas.
5. A letra louva a Deus por quem ele é, e não
meramente por o que ele tem feito?
Nós
deveríamos estar contentes em cantar frequentemente sobre o caráter de Deus e
não meramente sobre sua obra. Deus é honrado quando cantamos seus atributos
tanto quanto sobre suas ações. Cantar apenas sobre sua obra é dar a entender,
mesmo sem a intenção, que Deus é bom porque ele me salvou. E
embora isso seja verdade, também é verdade que Deus é bom
porque ele é bom — e devemos reconhecer tal verdade na música.
6. A letra aborda explicitamente a obra expiatória
de Cristo na cruz?
Embora
nem toda canção mencione a cruz, a maior parte de nosso canto deve ser
centralizado na cruz uma vez que isso é o que o torna cristão. Embora seja
maravilhoso cantar os salmos, e nós devemos cantá-los, devemos estar cientes de
que um bom judeu pode cantá-los se nem sempre abraçar seu pleno significado. A
letra de nossas canções deveriam especificamente ensinar a congregação a
respeito da expiação.
7. A letra é bonita?
Algumas
composições são mais bonitas que outras. O que torna uma letra mais bonita que
a outra é um tópico para outro dia. Mas vários fatores devem ser considerados:
1) o uso da rima e da assonância; 2) o uso de figuras; 3) o uso de elegantes
versos inflados ou linguagem floreada; e 4) o uso de repetição.
8. A letra é compreensível?
Alguns
dos antigos hinos são maravilhosos para estudantes de teologia que passam horas
lendo os puritanos, mas podem deixar outros coçando a cabeça pensando: “Eu sei
que eu deveria gostar disso, mas eu simplesmente não sei o que significa”. É aí
que um bom líder de louvor faz toda a diferença. Trechos que são difíceis de
entender podem ser explicados de antemão. Ou, simples mudanças podem ser feitas
no texto contanto que a integridade do hino seja preservada.
9. A letra é familiar?
Enquanto
é importante apresentar novas letras, toda congregação deve ter um cânon de
letras bem gastas para as quais possam retornar regularmente. Assim como boa
escrita recompensa a releitura, o canto repetido de boas letras podem levar seu
significado mais profundamente ao coração.
10. A letra se encaixa no tema do dia?
A
maioria das letras de música são apropriadas para qualquer culto. Você consegue
encontrar qualquer texto de sermão na Bíblia onde não seria apropriado cantar
sobre a santidade, o amor, a misericórdia de Deus ou a esperança no céu? É
claro que não!
Ainda
assim, cada letra tem uma ou duas claras ênfases. E devemos escolher letras que
sublinharão o significado do texto que estamos prestes a ouvir ser pregado.
Isso não deve ser feito simplesmente encontrando canções com “amor” no título
se o tema do dia é o amor de Deus (embora títulos possam ser uma boa maneira de
começar). É melhor fazer mais perguntas. Qual aspecto do amor de Deus estamos
considerando naquele dia? Seu amor como Criador? Seu amor como Redentor?
Por:
Aaron Menikoff ; Original: Ten Questions to Ask of a Song’s Lyrics.
Aaron Menikoff é pastor titular da
Mount Vernon Baptist Church em Atlanta, Georgia.
Tradução: Alan
Cristie. © 2014 Voltemos ao Evangelho. Original: Dez Perguntas para Fazer Sobre a Letra de uma Música.
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