Uma das
principais alegações dos irmãos que gostam de subir ao monte para orar é: “O
poder é tão grande no monte que até os gravetos pegam fogo!” Seria isso um
sinal de Deus? Por que, então, ele só ocorre em montes?
“Não!” — um cristão
místico argumentará — “Os gravetos trazidos do monte também brilham aqui em
baixo”. É mesmo?
Bem, é claro que para o
Todo-poderoso é muito fácil fazer gravetinhos pegarem fogo ou brilharem no
escuro. Moisés esteve em um monte que fumegava (Êx 19). E o Senhor Jesus, em um
monte, transfigurou-se diante de seus discípulos (Mt 17.1-13). Entretanto,
cheguei à conclusão de que essa história dos gravetos incandescentes nada tem
que ver com sobrenaturalidade.
Na escuridão de uma
mata é comum ocorrerem fenômenos naturais. Um irmão de Francisco Beltrão-PR,
Milton Rogério Seifert, o qual é engenheiro agrônomo, me enviou um e-mail pelo
qual assevera: “Os
gravetos incandescentes nada mais são que processos naturais de decomposição da
madeira onde os fungos decompõem o material e brilham na escuridão. Se
trouxermos os gravetos para casa e os colocarmos em um quarto escuro, e eles
ficarem lá por um bom tempo, brilharão sempre que houver umidade, até a pupila
do olho se acostumar”.
O irmão Milton Rogério
também afirma que já foram descobertos até cogumelos bioluminescentes, os quais
emitem luz 24 horas por dia! Segundo ele, existem inúmeros trabalhos de
pesquisa científica nessa área. E conclui: “Em qualquer mata fechada quem entrar e ficar por lá um
bom tempo, se houver umidade, os fungos brilharão assim que a nossa pupila
relaxar”. Os tais gravetos incandescentes são, por conseguinte,
um fenômeno natural, e não uma manifestação divina sobrenatural.
Mas, por que certos
irmãos têm a predileção por orar em montes? Os apóstolos oravam em montes? Não!
Aonde Pedro e João estavam indo, na hora da oração? Ao Templo (At 3.1). Onde
Pedro estava orando quando o Senhor lhe deu uma visão acerca da evangelização
dos gentios? No terraço de uma casa (At 10.9). Nos tempos da igreja primitiva
não se orava em montes.
Por que o Senhor Jesus
orava em montes? Porque queria ficar a sós com o Pai (Mt 14.23; Lc 9.18), livre
do assédio do povo, e não para ver gravetos pegando fogo. E observe que Ele
também orava em lugares desertos, não necessariamente em montes (Lc 5.16), mas
jamais realizava cultos em lugares assim.
O Senhor orava em
montes e lugares desertos porque não havia à época templos como os de hoje. Ele
foi claro, ao discorrer sobre o local predileto para a oração: “A minha casa
será chamada casa de oração” (Mt 21.13). E também: “quando orares, entra no teu
aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai” (Mt 6.6).
Não chega a ser uma
heresia orar em montes ou vales, em nossos dias. Se houver um local em que não
se ponha em risco a integridade física dos seus frequentadores, não vejo
problema em visitá-lo. Mas essa história de que os gravetos pegam fogo em cima
do monte em geral é defendida por cristãos místicos, pois os verdadeiros
milagres ocorrem onde e quando o Senhor quiser, e com propósitos bem definidos.
Ciro
Sanches Zibordi
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